domingo, dezembro 27, 2020

it’s the end of 2020 and i feel fine

 a pessoa bêbada apaga posts passados sem querer, mas tá tudo bem. é 2020 e se você conseguir chegar “inteiro” até agora, você é um vencedor.

eu me sinto vencedora, de certa forma. peguei covid, meus pais, avó, irmã e sobrinha... e estamos aqui terminando o ano juntos. a sanidade mental não anda nas melhores condições, mas isso é de menos neste ano, não é?

mas acho que aprendi muitas lições valiosas este ano. principalmente de como deixar de lado planos profissionais irreais (pelo menos pra mim). e de aprender de que como tudo que já tenho é bem maravilhoso (o que é bem difícil).

deixar de lado toda a ansiedade e medo do passado talvez tenha sido uma das melhores coisas que aprendi este ano. também aprendi a falar muita coisa que antes tinha medo de falar. aliás, para que esse medo todo, né? a gente está aqui neste mundo para viver mesmo e o que deu certo deu e o que não deu é a vida.... não é verdade?

desde março estou na casa dos meus pais cuidando dos meus sobrinhos e tou sofrendo em ter que voltar para minha casa e não os ver todos os dias. mas também estou com saudade do meu apartamento. mas já me decidi a voltar depois do ano novo, não sei como. meus sobrinhos são as coisas mais preciosas que ganhei nesta vida.

já até acharam que eu não queria ter filhos por coisas que escrevi neste blog, mas não é isso. eu não quero produção independente, nem ter filhos com alguém que não queira. eu queria ter filhos se fosse para ter uma família... com todas as todas incluídas.

em janeiro, completo 40 anos, apesar de não me sentir com essa idade toda. o negócio agora é colocar em prática as lições que aprendi no último ano e pensar mais no que me faz feliz do que na minha idade cronológica.

eu já tenho um emprego que me dá condições de viver a vida que sonhava quando comecei este blog. posso ler trocentos livros por ano, viajar pelo mundo e, ainda assim, pagar todos os boletos em dia. do que é que eu tenho que reclamar, né?

sexta-feira, dezembro 11, 2020

diário de quarentena nº 1000

pensei que eu ia conseguir escrever aqui toda semana. pensei. pensei. pensei. e me enganei.

minha melhor amiga perdeu o pai para o covid. eu peguei covid. meus pais de 66 anos também. assim como minha avó de 91.

na minha família tivemos muita sorte. todo mundo saiu bem. minha mãe passou uma semana internada, mas se recuperou. eu e meu pai só passamos uns dias com uma gripe forte. e vovó com uma tosse esquisita.

mas minha amiga perdeu um primo de 46 anos e, agora, o pai de 75 (que se fosse olhar os exames de sangue era até mais saudável que eu).

que doença maldita, meu deus. 

eu não sei consolar minha amiga... talvez não seja pra saber mesmo.

eu tinha tanto medo de perder meus pais no início, mas sou tão sortuda nesta vida que eles estão bem aqui comigo. me sinto meio mal por ter tanta sorte. o que eu fiz que minha amiga não fez?

sexta-feira, novembro 10, 2017

do que eu falo quando eu falo de corrida

quando li o livro de murakami, que tem o mesmo título deste post, senti uma empolgação para começar a correr. se ele, que começou quando tinha mais ou menos a minha mesma idade e ainda estava acima do peso e era fumante, tinha conseguido se tornar um ultamaratonista (leia-se: participou de corridas de 100 km), eu também conseguiria correr pelo menos uns 10 km, né?

não comecei imediatamente após terminar o livro, mas, cerca de um ano depois, quando descobri um aplicativo chamado (vergonha) "corrida pela perda de peso" (ou algo do gênero), foi que o vício começou. quando falo em vício, é por que vicia mesmo, apesar de não ser muito fácil no princípio. até o corpo entrar no ritmo da corrida, parece que você está se impondo um esforço absurdo e, por isso, acho que muita gente não consegue ir em frente com o esporte. além disso, tem as dores, comuns a todos os exercícios físicos, que atrapalham um bocado, mas, usando o equipamento adequado (aka tênis específico para o meu tipo de pisada), as minhas dores no quadril e no joelho diminuíram bastante.

iniciei fazendo uns treinos intervalados na esteira mesmo da academia e, aos poucos, fui me empolgando. com o tempo, vi que já conseguia correr 5 km sem parar e tomei coragem para me inscrever na primeira corrida de rua. aí lá fui eu, num domingo às cinco e meia da manhã, sair de casa para chegar a tempo para a largada que seria às sete. foi muito estranho sair assim tão cedo num domingo, enquanto todos estavam dormindo (ou ainda tomando a milhonésima saideira em algum bar), mas, chegando lá, foi como todo um mundo novo se abrisse para mim. um montão de pessoas diferentes, de idades e tipos físicos mais variados, todos juntos lá para correr. tem música, você encontra amigos, conversa, tira fotos... e o melhor de tudo: você consegue terminar a prova sem morrer no meio. é uma sensação boa demais.

a experiência foi tão divertida, que desde então não parei mais. só não me inscrevo em mais corridas por que é caro, mas a vontade mesmo é participar de todas. hoje em dia, dormir cedo no final de semana para chegar com tranquilidade antes da hora da largada, nem é mais assim tão difícil.

é muito legal ver o quanto a gente melhora a cada corrida. em pouco tempo a gente vai conseguindo ficar cada vez mais rápido e isso só nos empolga para continuar. depois de algumas corridas de 5 km, vi que já estava conseguindo correr 7 km e meus amigos corredores começaram a dizer: "quem corre sete, corre dez". e eu resolvi encarar.

no dia 27 de maio deste ano, corri 10 km oficialmente pela primeira vez na "night run - etapa yellow", aqui em recife. terminei a prova, morrendo, em 01h16min. mas foi uma emoção tão grande terminar, seja lá em que tempo fosse. de lá para cá, participei de outras tantas corridas com a mesma distância e, no último sábado, 04 de novembro, terminei a corrida "eu amo recife - ano V" em 01h01min. em seis meses, mais ou menos, baixei meu tempo em 15 minutos e eu achei isso bem impressionante. mal posso esperar pela próxima corrida oficial para completar os 10 km em menos de uma hora.

eu ando meio monotemática nas redes sociais. basicamente, só posto fotos de corrida, só falo em corrida, mas o que eu posso fazer se é uma das coisas que tem me deixado mais feliz nos últimos tempos? é um vício, como falei antes, mas acredito que é um vício bom. e para piorar (ou melhorar?), cada vez mais conheço mais pessoas que também são loucas por corrida e isso acaba virando um ciclo vicioso. por sinal, recentemente entrei em um grupo de corrida chamado "acorja (associação dos corredores da jaqueira)", do qual eu há algum tempo estava querendo participar e não me atrevia, e estou bem orgulhosa por que tenho conseguido correr pela cidade com eles sem ficar muito para trás. por sinal, é muito melhor correr na rua com a galera do que ficar dando voltas infinitas no parque da jaqueira.

no começo do livro, murakami cita um outro corredor que dizia: "a dor é inevitável. sofrer é opcional". estou falando sobre isso, por que, apesar de toda a minha empolgação nos parágrafos anteriores,  acho que preciso alertar que correr causa muitas dores. principalmente quando você não usa os equipamentos adequados. foram várias as corridas que eu terminei com o peito sangrando por que estava usando um top frouxo demais e, até hoje, não consegui resolver o problema do meu joanete que me faz sentir muitas dores no meu pé direito. isso atrapalha bastante, mas eu não pretendo desistir por isso. acho que os benefícios que a corrida me traz são bem maiores do que essas dores. aí eu sempre lembro dessa citação e sigo em frente correndo e procurando alternativas para solucionar esses problemas.

agora, minha meta é correr minha primeira meia maratona e já estou treinando para isso. já estou até sonhando em viajar para outros países para participar de provas de corrida e eu sei que, com paciência e dedicação, eu chego lá.

quarta-feira, março 22, 2017

pode acabar tudo enfim... mas deixem o frevo pra mim!

meu relacionamento com o carnaval começou muito tarde, principalmente, pelo fato de eu ser uma recifense. para ser exata, o primeiro carnaval que eu brinquei de verdade, foi no ano em que eu completei vinte e oito anos. foi com um coração partido e uma necessidade avassaladora de acabar (seja como fosse) com aquela sensação de abandono, que acabei indo parar nas ladeiras de olinda.

acho que cada pessoa tem o seu jeito particular de reagir à tristeza e, infelizmente, acho que o meu é um tanto destrutivo. hoje em dia, tento me policiar para não reagir de forma tão extremada, mas, naquela época, estava topando qualquer coisa que pudesse me fazer esquecer, nem que fosse por um milissegundo daquela dor que eu estava sentindo. aí foi no meio de ressacas homéricas e várias ficadas sem sentido, que eu dei de cara com o carnaval ali de pano de fundo. cheio de cores, música e alegria, no meio de tanta loucura.

mas com o passar dos anos, muita coisa mudou. me vi apaixonada pela festa como um todo: as fantasias, a música e o frevo, tudo debaixo de sol e regado de muita cerveja. passei por momentos que para mim são bastante memoráveis, como ver o dragão do bloco "eu acho é pouco" descendo a ladeira da rua 15 de novembro, com o sol se pondo ao fundo e todos batendo palmas e cantando "olindaaa... quero cantaaar".  acho que só de pensar nessa cena, eu me emociono um pouco. assim como quando vou para a primeira prévia do ano e escuto o primeiro frevo. não sei explicar, mas é uma sensação maravilhosa.

quando era mais nova, minha família até chegou a me arrastar para olinda, uma vez ou duas. mas como uma boa adolescente metaleira, não podia gostar, né? tinha que manter a pose. até por que eu era tímida por demais e insegura demais sobre a minha aparência, para poder me "expor" assim daquele jeito. além disso, a multidão me amedrontava e muito. mas isso só me mostra como as pessoas são capazes de mudar completamente nesta vida, principalmente se for comparar com a forma que elas agiam na adolescência.

o carnaval deste ano foi completamente diferente do meu primeiro carnaval. foi uma mudança que foi ocorrendo gradativamente. fiz um montão de fantasias e fui  a prévias e blocos muito bem escolhidos, com orquestras de frevo muito boas. inclusive, aprendi este ano que se a orquestra tem uma tuba branca, é sinal de que é de qualidade. conheci pessoas maravilhosas, tão apaixonadas pela folia quanto eu e até mais. acho que, como destaque do ano, tenho que falar do bloco "escuta levino" que sai na quinta-feira antes do carnaval e tem a apresentação do grupo de frevo "guerreiros do passo", que tenta resgatar um pouco do frevo como ele era antigamente. um espetáculo lindo de ver.  este foi meu segundo ano no bloco e tenho certeza que farei de tudo para não perdê-lo de forma nenhuma.

agora, enquanto espero por mais um ano para o próximo carnaval, estou aqui com a inscrição feita num curso de frevo, que vai começar em alguns dias. quem diria, né? e eu tenho certeza que vou adorar.

segunda-feira, fevereiro 20, 2017

das resoluções de ano novo (concluídas?!)

desde dezembro ando meio em estado de choque. eu não sei exatamente o que houve, mas, de uma hora pra outra, virei uma pessoa de atitude e, nos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, cumpri a promessa que tinha feito a mim mesma para 2016 e comprei um apartamento.

a sensação é que, em pouquíssimo tempo, eu passei da etapa de olhar os anúncios na internet para ir visitar os imóveis e, quando menos esperava, já estava lá comprando. de fato, o processo durou cerca de seis meses. não sei se foi demorado ou se foi rápido demais para as outras pessoas acostumadas a comprar imóveis, só sei que senti que aquele era o meu apartamento (não me perguntem por que). 

ainda não recebi as chaves, pois estou no meio do longo processo para conseguir o financiamento do banco. mas já assinei o contrato de compra e venda e paguei boa parte da entrada. aliás, ir ao banco para autorizar a transferência dessa grana enorme para o vendedor foi uma experiência a parte. lá estava eu, tentando aparentar normal, enquanto por dentro eu estava completamente apavorada, com medo de fazer alguma besteira ou de ter sido uma decisão ruim. 

apesar de ter sido, de certo modo, mais fácil decidir, já que só coube agradar a mim mesma na hora de escolher o apartamento, também teve o lado não tão bom de não ter alguém do meu lado para dizer que também gostou e que aquela era a escolha certa. é claro que vários amigos e parentes apoiaram minha decisão, mas, ainda assim, não é a mesma coisa. no final, era só eu ali gastando aquele dinheiro que juntei por todos esses anos e esperando ter acertado. 

fora todo esse meu drama, confesso que tenho sentido muito orgulho de mim mesma. muito feliz por conquistar – sozinha – mais uma coisa que eu desejava muito. quando eu penso nisso, mal posso acreditar que eu, essa criatura medrosa por demais, consegui tirar mesmo esse plano do papel. dá até vontade de ser um pouco mais destemida nesta vida (será?).


mas, como eu disse antes, estou meio que em estado de choque. não consigo pensar em nada para comprar para minha casa ainda, nem tenho conseguido pensar muito nisso ainda. acho até que minha família e amigos tão mais empenhados na decoração do apartamento do que eu. tudo que tenho feito é tentar juntar o máximo de dinheiro que posso. talvez eu ainda esteja com um pouco de medo que as coisas não deem certo. mas estou trabalhando a cabeça aqui para ir vivendo um dia de cada vez.